sexta-feira, julho 28, 2006

Turiba do Sul - Rua Mãe Chiquina - foto de 1983 - enviada por Marcelo Lisboa

Clique na foto para aumentar de tamanho. A casa da direita é da família Roque Loureiro. Há um banco de madeira na calçada. Meu pai passava horas sentado no banco, conversando, conversando, conversando!
A rua ainda era de terra (hoje é asfaltada).
A casa da esquerda, com um toldo, também era do tio Batista Loureiro, que teve um armazém de secos e molhados ali. Depois foi a farmácia do Ditão Gomes/Dona Elza. Depois ficou para o Zé da Máquina.
Foi ali que o Zé Leite, esperto que só ele, pediu uma pinga ao Toninho Loureiro. O Toninho estava atendendo o armazém de seu pai. "Menino, se você me der a pinga, conto o maior segredo do mundo!". Claro, ganhou a pinga. Bebeu devagarinho, com o maior gosto, lambeu os beiços.
E a gurizada só olhando, toda curiosa para saber o maior segredo!
Zé Leite Capacete Paletó olhou de um lado, olhou de outro, fez ar de professor (professor que nunca teve na vida, era analfabeto).
"Menino, o maior segredo do mundo...".
Tomou mais um trago, lambeu os beiços novamente, olhou para os lados mais uma vez.
"O maior segredo do mundo é...
um homem saber fazer outro!"

Agosto 2006 - foto de Marcelo Lisboa

sábado, julho 22, 2006

E pensar que a gente brincava todos os dias, via-se todos os dias e não saia da casa um do outro...

Velhas Roseiras – Padre Zezinho

Eu já tive milhares de companheiros e colegas.
Dentre eles, fiz centenas de bons amigos.
Mas nem todas as amizades duraram.

Algumas pareciam sólidas como rochas,
mas não resistiram aos tempos
e às circunstâncias.


Assim sobraram poucos amigos de infância,
pouquíssimos amigos de escola,
poucos amigos de adolescência,
poucos amigos de juventude.

E pensar que a gente brincava todos os dias,
via-se todos os dias e não saia da casa um do outro...
De repente, outros afetos, outros amigos,
outros interesses, outro tipo de vida,
longos anos de distância e mil preocupações da vida
nos afastaram totalmente.

Agora não sei onde andam e os que vejo aqui e acolá
são amigos de "Bom dia"...
Mas nada acontece.
A gente se respeita e se admira, mas a amizade de infância,
de juventude não volta.

Mudaram eles ou mudei eu?
Ou foi a vida que nos mudou a todos?

Restam algumas amizades fiéis que resistem a tudo...

O que sei é que fiz muitos amigos
e não conservei aquelas amizades.

De bons amigos que éramos, somos hoje bons conhecidos
que se saúdam de passagem e se respeitam.
Às vezes nem isso.

Crescemos e nossa amizade ficou lá no passado.
E eu digo a mim mesmo:
"Feliz o homem que sabe cultivar sua roseira!
Talvez não seja tarde...

Roseiras velhas também produzem rosas lindas e viçosas.
Basta recultivá-las..."

E-MAIL DO MARCELO LISBOA, PROFESSOR DE HISTÓRIA E FILHO DO LÁZARO ROSA

Olá, Tião.

1- Moro em Itaberá, desde que casei em 2004. Fico feliz da citação feita pelo João Margarido da minha pessoa; ele também é um grande professor e muito amigo, embora ultimamente nossos contatos sejam mínimos pelo fato de nossos horários de trabalho não coincidirem

2- Percebi que seu belíssimo relato foi pautado pela emoção, afinal são os vínculos familiares que nos fazem lembrar dos lugares em que vivemos. Também lembro de seu pai com muito carinho, e de seu tio Batista também. Eles são aqueles tipos de pessoas que deveriam viver para sempre como repositório da memória. Pelo menos nos sobram as lembranças.

3- Sei pouco sobre a história da Turiba. O que sei são relatos feitos por seu tio Cilico Gonçalves, talvez o maior historiador informal com propriedade para falar de Turiba; e relatos feitos por seu tio Batista em 1987. Segundo Cilico, Turiba se chamava Fazenda Velha até 1916, até que "alguém" ficou conhecendo uma estação ferroviária em Araraquara chamada Toriba, hoje em Matão, confira em: http://www.estacoesferroviarias.com.br/t/toriba.htm, que ao que parece, ali eram embarcados (ou desembarcados) porcos gordos criados em Turiba. Como existia a estação, acrescentou-se ao lugar o "do Sul".

5- O nome Fazenda Velha [nome antigo da Turiba] vem de uma antiga fazenda pertencente a um homem de nome "Macedão", proprietário de escravos, que chegou a canalizar um riacho para mover sua máquina de café. Ao que parece, a sede da fazenda ficava onde hoje é a sede da fazenda do Zé Mariano, hoje do seu filho Nenê.

6- Já vi duas versões para o termo Turiba, de origem tupi: significa "paraíso" ou "alegria".

7- Segundo o IGC (Instituto Geográfico e Cartográfico de Sao Paulo), a terminologia correta é Turiba, e não Toriba.

8- Segundo Nhá Candinha, senhora que morreu com 105 nos anos 80, e era mãe da Dona Vidica, sogra do Edézio Vidal, onde está a Turiba era originalmente um ponto apenas marcado por um cruzeiro.

9- Para se ter uma idéia de quanto o bairro é antigo, Pedro Mariano de Oliveira, pai do Zé Mariano e do João Mariano [e de Pedro Mariano de Oliveira Filho, prefeito de Itaberá por três vezes e que conservou a fama de administrador honesto e capaz] nasceu em Turiba em 1875 ou 1876.

10- Quanto a fotos, poderíamos escarafunchar baús de família e reunirmos tudo o que o que possuímos, e montar a exposição num encontro que citou, organizando uma festa. Quem eu sei que tem preciosidades é o Fernandinho, marido da Bernadete Desídera, filha da Lela [e do Aparício Caetano] e também sobrinha do Pedrinho e do Vardinho Desídera.

11- Eu vou escanear algumas fotos e mandar para você. O problema é que a maioria é de família, já que antigamente não havia muito costume de tirar fotos de lugares, já que retrato, era "uma vez na vida". Tião, muito feliz de econversar com você e pela sua resposta, fico por aqui. Lembranças à sua mãe, Dona Maria, uma pessoa que lembro com carinho, pela enormidade de plantas e flores que tinha no quintal [ e tem até hoje, Marcelo].

Nota: os comentários entre [ colchetes] são do Tião Loureiro.

terça-feira, julho 18, 2006

TURIBA DO SUL (2), POR MARCELO LISBOA

Olá, Tião! Meu nome é Marcelo, sou filho do Lázaro Rosa (minha família é a única que conheço que tem apelido de sobrenome), sobrinho do Dito Rosa, casado com sua prima Lúcia. Entrei no seu blogger e no site "criar e plantar" e fiquei até lisonjeado pelas boas lembranças que reviveu da Turiba [leia aqui o texto publicado em 28 de junho], um lugar que já respondeu por quase toda produção de algodão e criaçao de porcos em Itaberá, e hoje, infelizmente, parece mais a descrição das vilas do Vale do Paraíba de Monteiro Lobato.

Hoje é mais fácil encontrar "turibanos" de famílias tradicionais em Itapeva, Itaberá, Sorocaba do que na própria Turiba: Loureiro, Gomes, Lisboa, Gonçalves, Mariano, Vidal, Macedo... Conheci seu pai e seu tio Batista, bons contadores de histórias da época do querosene. Conversar com Batista era se preparar para um longo porfiar de causos com direito ao contador esquecer o que contava, enveredar em outro caminho, e duas horas depois retomar o velho fio da meada. Aconteceu comigo quando ele me contou, em 1987, tudo o que sabia sobre a história da Turiba para um trabalho escolar. Que falta faz! Dia desses morreu meu tio, Pedro Gomes, ou Pexero, como chamavam. Era um dos últimos da longa lista de turibanos históricos, se assim posso dizer. Como professor de História, mais uma vez agradeço à possibilidade de rememorar velhos fatos. Embora seja impossível citar todos os que fizeram parte da história do lugar, permita-me acrescentar mais alguns, que tenho certeza que conheceu: Pexero, João e Chiquinho Cerdeira (os "magnatas" do lugar), João Gonçalves, Mãe Chiquinha, Totó Macedo, Pedro Rosa, Miguel Rosa, Mané Rosa, Cabral, Marinho, Dona Fia, Dito Mariano, Cilico Gonçalves e sua esposa Dona Tervina, Dona Quitita (ainda viva e forte), Zé Nê, Batista Lima, Zezão da máquina de arroz, Dona Vedica, Rocão, Dona Bárbara Vidal, Seu Felício, Benvinda etc. Abraços.